quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pensamento crítico em enfermagem: um enfoque prático




Silvia Helena De Bortoli CassianiI; Maria Auxiliadora da Cruz LimaII
IProfessora do Departamento de Enfermagem Geral e Especializada da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidad e de São Paulo
IIAluna de Pós-Graduação, nível mestrado, da Área Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Docente da Escola de Enfermagem de Manaus - AM



ALFARO-LEFEVRE, ROSALINDA. Pensamento crítico em enfermagem: um enfoque prático. Trad. de Maria Virgínia Godoy da Silva e Cristiane Maria Amorim Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 199
6.

O livro que apresentamos é a tradução do original Critical Thinking in Nursing: a practical approach, publicado pela W.B. Saunders Company, em 1995, com 190 p. Alfaro-Lefevre atua na Pennsylvania, oferecendo consultoria e seminários sobre o pensamento crítico, a mensuração de resultados,o desenvolvimento profissional e estudantil, a prática clínica e o processo de enfermagem. Daí, entende-se a maneira didática do livro e a preocupação com o enfoque prático.

No prefácio, há uma chamada sobre o que há de prático neste enfoque e entusiasma o leitor através da apresentação dos capítulos.Traz uma linguagem clara e fácil de ser lida. Ainda oferece o endereço da editora e solicita opiniões e comentários dos leitores sobre a obra, o que não é muito comum em livros científicos e técnicos.

A obra está apresentada em cinco capítulos e o formato que introduz cada capítulo é particularmente interessante, apresentando o contéudo do mesmo, os objetivos, a finalidade e um resumo do capítulo.

O primeiro capítulo é denominado Visão geral: o que é pensamento crítico e por que ele é importante? A autora afirma que o pensamento crítico é a chave para resolver problemas, uma vez que as enfermeiras têm que tomar decisões complexas, adaptar-se às situações novas e continuamente atualizar seus conhecimentos e habilidades. As enfermeiras que não pensam criticamente, segundo ela, tornam-se parte do problema. Ressalta-se entretanto, que é apenas no capítulo três que se trabalha especificamente o pensamento crítico na enfermagem.

Pensamento crítico é, então, definido como o alvo direto do pensamento que aponta para realizar julgamentos baseados nas evidências (fatos), ao contrário da suposição (trabalho por conjectura). Está baseado nos princípios da ciência e no método científico e requer estratégias que maximizem o potencial humano e compensem os problemas causados pela natureza humana ( p. 27).

Ainda neste capítulo, apresenta a relação dos princípios do pensamento crítico com os da ciência e do método científico através das seguintes etapas: observação, a classificação de dados, conclusões que obedecem à lógica, condução de experiências e o teste de hipóteses.

Já o capítulo 2 ou Como pensar criticamente contém informações sobre os fatores que influenciam a habilidade de pensar criticamente de forma a acentuá-lo ou impedí-lo e as estratégias e habilidades do pensamento crítico. Divide os fatores em pessoais e situacionais.

Como fatores pessoais, que acentuam o pensamento, coloca: o desenvolvimento moral, idade, autoconfiança, conhecimento dos principíos da resolução de problemas, tomada de decisões e pesquisa, da comunicação eficiente e habilidades interpessoais, avaliação precoce habitual, experiências passadas, habilidade eficiente de escrever, de leitura e aprendizagem (p. 37). E como fatores situacionais, aponta os seguintes: conhecimento dos fatores afins, consciência dos recursos, consciência dos riscos, reforço positivo e presença de fatores motivadores. Obviamente a falta ou pouca habilidade nesses fatores impedem o pensamento crítico.

De maneira bastante interessante, a autora indica oito questões chaves, na pag. 43, que podem ajudar o leitor a determinar sua abordagem do pensamento crítico em situações diferentes, e que trazemos aqui a título de ilustração: Qual é o objetivo do meu pensamento?, Quais são as circunstâncias?, Que tipo de conhecimento é requerido?, Qual é a margem para erro?, De quanto tempo eu disponho?, Que recursos podem me auxiliar?, Que perspectivas devem ser consideradas? e O que está influenciando meu pensamento? Há de se considerar tais questionamentos diante de um problema e por aqueles que pretendem desenvolver o pensamento crítico nas várias situações.

No terceiro capítulo, ou Pensamento crítico em enfermagem: uma visão geral, a autora trabalha com a aplicação do pensamento crítico e do processo de enfermagem como um instrumento e examina como desenvolver o julgamento clínico.

Resume no quadro dos pontos-chave, neste capítulo, exemplos de quando o pensamento crítico é essencial na enfermagem, ou seja, ao tentarmos: ter uma maior compreensão de algo ou alguém; identificar problemas reais ou potenciais; tomar decisões sobre um plano de ação; reduzir riscos de obter resultados indesejáveis; aumentar a probabilidade de alcançar resultados benéficos e descobrir maneiras de melhor (mesmo quando não existam problemas).

No quinto capítulo, são examinadas as cinco categorias do pensamento crítico essenciais à prática da enfermagem: o raciocínio moral e ético, a pesquisa em enfermagem, ensinando a outras pessoas e a nós mesmos e a realização de testes. Em cada um destes aspectos, o livro traz etapas para ajudar o leitor a pensar criticamente e questões chaves. Por exemplo, no que refere à Pesquisa em Enfermagem, o livro traz no quadro 4-4, as seguintes questões, entre outras: Qual é o objetivo do meu pensamento?, que conhecimento é necessário?, qual é a margem para erro?, de quanto tempo e recursos eu disponho? e que perspectivas devem ser consideradas?

E finalmente no último capítulo ou,Habilidades práticas do pensamento crítico, o livro indica as dezesseis habilidades que aumentam o pensamento crítico em situações de enfermagem. As habilidades são várias, entre elas estão: identificando padrões, estabelecendo prioridades, determinando intervenções específicas, avaliando e corrigindo o nosso pensamento e desenvolvendo um plano abrangente.

De forma geral, a tradução do livro está de boa qualidade, é mais uma obra em português e um guia para aqueles que desejam conhecer mais sobre o pensamento crítico, principalmente sob um enfoque prático. Tem um formato adequado, que propicia a leitura-estudo, servindo inclusive para uma auto-aprendizagem, sem necessariamente auxílio de um instrutor ou professor. Sugerimos sua leitura para estudantes cursando o último ano do curso de graduação em enfermagem, enfermeiras assistenciais e interessados em compreender e aplicar praticamente o pensamento crítico nas situações de ensino e assistência.

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